Os efeitos isolados e interativos do aquecimento e da acidificação do oceano no crescimento e mortalidade do fitoplâncton na Ria Formosa, em situação de Inverno
As investigadoras do CIMA Rita Domingues, Helena Galvão e Ana Barbosa, em colaboração com Vanda Brotas do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), publicaram um artigo que avalia os efeitos isolados e interativos do aquecimento e da acidificação do oceano no crescimento e mortalidade do fitoplâncton na Ria Formosa, em situação de inverno. Este estudo baseou-se na realização de experiências de microcosmos com manipulação da temperatura e concentração de dióxido de carbono (CO2), de forma a avaliar os efeitos nas taxas de crescimento, na mortalidade exercida pelo microzooplâncton, na produção e na estrutura da comunidade fitoplanctónica. Os resultados indicaram que, no global, tanto o crescimento como a predação diminuíram com o aumento da temperatura, mas estes efeitos foram aliviados em alguns grupos fitoplanctónicos através da acidificação. O aumento da temperatura beneficiou apenas os organismos fitoplanctónicos de menores dimensões, como as cianobactérias, e a acidificação teve efeitos benéficos nas diatomáceas. Os resultados sugerem que a comunidade fitoplanctónica da Ria Formosa está bem adaptada às condições ambientais típicas dos meses de inverno e o aumento da temperatura tem, a curto prazo, efeitos negativos, que podem, no entanto, ser aliviados pelo aumento do CO2. As variáveis ambientais associadas às alterações climáticas, como a temperatura e o CO2, são geralmente abordadas do ponto de vista dos seus efeitos a longo prazo e das respostas adaptativas dos organismos. No entanto, estes fatores reguladores do fitoplâncton também variam em escalas de tempo curtas e o estudo das respostas plásticas dos organismos fornecem conhecimentos básicos sobre os mecanismos fisiológicos e ecológicos que podem influenciar a aclimatação e adaptação do fitoplâncton a alterações ambientais futuras.
O artigo foi publicado na revista Hydrobiologia e pode ser consultado aqui:
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10750-021-04672-0